
Treino da Equipe Blindados FA nas areias da Praia Grande
em Arraial do Cabo
No Brasil, jogar futebol com os amigos no final do dia faz parte da rotina de muitos, principalmente dos homens. Já nos Estados Unidos, esse esporte que nós conhecemos – football, em inglês – é geralmente praticado por meninas, enquanto os homens preferem a “versão” americana.
O futebol americano é um jogo de conquista de território, tem como requisitos a força, velocidade e estratégias inteligentes. Um time pode avançar correndo ou passando a bola para seus companheiros, sem deixá-la cair. Cada equipe tem setores distintos de ataque e defesa que, ao contrário do futebol tradicional, não entram em campo simultaneamente. Cada time conta com 45 jogadores no elenco, mas apenas 22 entram efetivamente (11 na defesa e 11 no ataque), e não há limite de substituições.
O esporte ganhou destaque na Região dos Lagos com a chegada da equipe Fluminense Imperadores, que fechou parceria com a Secretaria de Esportes e Lazer de Arraial do Cabo, em agosto do ano passado, e fez do Estádio Municipal “Barcellão” a sua casa em jogos disputados pela Liga Brasileira de Futebol Americano. Muitos jovens se interessaram pelo que assistiam e buscaram contatos com outros times já formados em Cabo Frio e Araruama.
O pioneiro no município cabista foi o Blindados F.A. Ruand Porto, 19 anos, joga como Defensive End – ou “ponta defensivo”, aquele que joga nos cantos da linha defensiva – é um dos coordenadores do time e explicou um pouco desse novo universo. “O grupo surgiu por diversão, sem saber as regras, mas no segundo mês começamos a levar a sério e o jogo foi tomando forma de futebol americano com todas as regras usadas em campeonatos. Nesse período que o time existe recebemos ajuda da equipe de Cabo Frio, o Cabufas, que nos ajudou com a organização. Agora contamos com 60 jogadores e fomos convidados a participar de um campeonato no Rio de Janeiro.”
Segundo ele, já existiam pequenos campeonatos regionais antes da chegada do Futebol Americano em Arraial, mas esse foi um fator que motivou o Blindados e outros times a se formarem. Além disso, os próprios jogadores do Fluminense deram apoio a eles, principalmente Romulo Ramos, que também faz parte do time Cabufas.
A ideia tem sido muito bem recebida pelos jovens e crianças, que querem fazer parte do time “junior" e também pelas meninas que gostariam de participar, só que para isso, necessitam de, pelo menos, 20 pessoas inscritas para cada categoria. Para Ruand, a grande dificuldade ainda está em quebrar as barreiras do preconceito. “Pelo que percebi grande parte das pessoas acha um jogo violento ou modismo americano. É um esporte que tem muito a crescer, mas precisa de apoio. São poucos que veem com bons olhos pra patrocinar ou apoiar um time de futebol americano, os jogadores tiram do bolso dinheiro pra uniforme, condução e equipamentos tipo luva e protetor bucal.”
Outra questão foi a adaptação do local, como não existem campos apropriados para a prática, os brasileiros fazem das praias o seu território. O “jeitinho brasileiro” virou uma modalidade criada no país e evita possíveis acidentes. “Por incrível que pareça, as lesões são mais causadas por objetos na areia do que pancadas de jogo,” completou Ruand.
Por Marjorie Mendonça :: 3° Período de Jornalismo / Cabo Frio
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