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Temporada Musical de Cabo Frio – Fotografia: Marco Collor |
A Região dos Lagos é conhecida por suas belezas naturais,
lindas praias que atraem turistas dos mais diversos lugares. O que muitos não
imaginam é que além do magnífico cenário há toda uma trilha sonora por trás
desse lugar.
É grande o número de bandas independentes locais, com os
mais diversos ritmos e influências, atraindo públicos variados. Apesar da
quantidade e qualidade dessas bandas, Fi, baterista da banda Rose Red reclama:
“Eventos não são muitos, mas nosso público é
grande e sentimos muita falta de shows. Incentivo não tem nenhum para as bandas
da região. Apoio zero. O que nos mantêm mesmo são os fãs maravilhosos e sempre
presentes”.
O público, por sinal é apontado como o
grande aliado dessas bandas. Além da participação em eventos, auxiliam também na
divulgação. Leandro França, locutor da Onda
Nervosa, um programa de rock da Rádio
Ondas ressalta tal ajuda: “O público de rock é fantástico. Com a Onda Nervosa a quatro anos do ar, tenho
orgulho demais de ver essa tribo interagindo, pedindo músicas e me apresentando
bandas desconhecidas, até então. São muitos roqueiros, mas poucos assumem essa identidade.
Há diversos problemas no cenário independente, como a falta de produtores
musicais que encarem a coisa de uma forma mais profissional, além de empresários
que invistam. Mas o que vale é que muita gente gosta de rock, debatem sobre
shows, indicam canções e buscam notícias - o que é ainda mais interessante”.
Sobre as oportunidades musicais, o rock
ainda sofre um pouco de preconceito, de acordo com Leandro França. Ele afirma
que para a MPB as chances são maiores, pois o público a recebe de melhor
maneira do que o rock. Se por culpa ou não desse preconceito, uma coisa é
certa, deveria haver maiores incentivos, maior abertura e mais eventos com bandas
locais, essa é a opinião tanto de bandas como de fãs da região. “A única coisa
que queremos são eventos destinados para o rock. O cenário underground aqui está ruim, pois não nos dão brecha. É muito
complicado fazer um show aqui, ninguém apóia. Cabo Frio é uma cidade muito bem
localizada e gente de outras cidades têm fácil acesso. Os eventos que rolam são
sempre em outras cidades, e temos que nos deslocar daqui e passar por
"pequenos perrengues", tudo em nome do rock.” Diz a baterista da Rose
Red.
Zito Cavalcante, guitarrista da banda
Indic Blue que está na estrada há cerca de três anos, endossa: “Aqui na região
quem faz a cena são as bandas. Há pouco incentivo e a internet é a fonte que
muito nos tem ajudado, através dela fazemos contato e divulgamos nossa agenda.
Agora, aos poucos, produtores interessados numa cena independente, e
alternativa, estão aparecendo e procurando o que nós fazemos”.
Um desses novos produtores citados é
Mateus Pagalidis, de 22 anos, que tem um projeto envolvendo música experimental
há aproximadamente três anos, e que resultou em mais de 50 shows. Mateus
defende as acusações de falta de oportunidade na região e rebate: “Realmente falta espaço, mas esse espaço tem que ser
conquistado por pessoas que corram atrás e não pessoas que ficam dentro de casa
reclamando. O problema é que muita gente pega a guitarra e acha que virou uma
banda porque conseguiu fazer um cover de Legião Urbana. Eu tenho trabalhado
para tentar trazer aos shows músicos que eu acredito no trabalho, pessoas com
música original, própria e tentar mostrar às pessoas daqui que sim existe todo
um mundo musical alem do já conhecido”.
Sobre organizar shows, Mateus diz que começou a se envolver nesses
projetos por conta de amigos: “Eu comecei porque minha mãe tinha um bar e uns
amigos estavam começando uma banda, surgiu aí a ideia de fazermos o primeiro
show. Organizamos tudo aqui em casa, deu cerca de 50 pessoas. A banda era
instrumental e foi o primeiro show instrumental alternativo aqui da cidade”. Seu
último projeto, a Temporada Musical de Cabo Frio, teve como objetivo reunir
durante todo o mês passado bandas independentes todas às sextas feiras no
Corredor Cultural. “A temporada musical foi um lance que a prefeitura fez pra
poder dar uma ajuda a esses shows mais alternativos que eu tenho feito aqui”. Ele
ainda ressalta que com a ajuda da internet, essas divulgações ficaram mais
fáceis e deu ao público maior acesso sobre músicos bons locais.
A Região dos Lagos além da bela paisagem
tem pessoas de atitude que sabem fazer música de qualidade, o que falta na
opinião do Mateus é determinação: “É preciso tocar direito e correr atrás, se não tão te chamando pra tocar, junta
com outras quatro ou cinco bandas e aluga um espaço, faz um show. As pessoas
têm medo de investirem 100 reais e acabarem perdendo, mas tem que tentar. Só
arriscando para fazer algo funcionar”.
Por
Luiza Gallagher – Jornalismo - 4º período
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