Aderindo a onda de protestos, moradores vão as ruas para reduzir passagem de ônibus
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Manifestantes saindo da Praça Porto Rocha. | Foto Caroline Ramos |
A manifestação estava
marcada para sair as 17h da principal praça de Cabo Frio, mas desde manhã
algumas ruas já estavam interditadas e diversos manifestantes já preparavam
cartazes e discursos. A Praça Porto Rocha foi palco de uma das maiores reuniões
da história da cidade, jovens, adultos, idosos e até mães com crianças de colo
aderiram a onda de protestos pelo Brasil e foram participar da passeata contra
a única empresa de ônibus da região, a rede Salineira.
A reinvindicação acontece
por causa das tarifas elevadas das passagens de ônibus, sendo R$2,80 para a
linha municipal e R$4,00 para a intermunicipal. Mesmo com a atual gestão
oferecendo o recurso do “Cartão Dignidade”, que torna a tarifa municipal de
Cabo Frio a R$0,50.
O comércio local fechou as
portas as 15h, acordo feito pela Associação Comercial, Industrial e Turística
do município, algumas agências bancárias da Av. Assunção, que passa pela praça,
colocaram tapumes para evitar qualquer tipo de degradação.
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Ponte Feliciano Sodré recebeu manifestantes durante a noite. | Foto Caroline Ramos |
Mais de 5 mil pessoas
saíram em manifesto até a sede da empresa de ônibus, onde fizeram muito barulho
com instrumentos musicais e gritos de ordem. Por volta das 18h, representantes
da Salineira convidaram alguns manifestantes para dialogar.
O manifesto, acompanhado a
todo instante pela Polícia Militar e pela Guarda Municipal, foi pacífico até a
explosão de dois pequenos artefatos não identificados pela polícia, que
assustaram muita gente, e pelo atropelamento de um jovem. O motorista não
prestou socorro e ainda não foi identificado pela polícia. O acidente aconteceu
no final da tarde, na ponte Feliciano Sodré, após o carro furar o bloqueio dos
manifestantes. Ary Valadares de Oliveira, de 20 anos, sofreu escoriações, foi
levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas passa bem e foi liberado
no final da noite.
Manifestante
de todas as idades
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Valentina também levou cartaz. Foto Arquivo pessoal |
Daniela dos Santos, 22
anos, levou a filha Valentina Jazmín, de 1 ano e 3 meses, para o protesto. Para
ela, é muito importante que a geração que está crescendo agora aprenda a
questionar e enxergar a democracia de forma diferente. “A importância disso é, primeiro,
eles aprenderem desde já a questionar a não apenas aceitar o que vem de cima -
até mesmo dentro de casa. Nós hoje somos os filhos da revolução e nossos filhos
serão a revolução cotidiana daqui por diante.” Defende a estudante de História.
Além disso, Daniela diz que não se arrepende de ter levado a criança, embora muitos
sejam contra. “Não me arrependi nem um pouco! E a gente tem que deixar de
pensar que as crianças enquanto pequenas são “pequenas demais para determinadas
coisas”. Essas determinadas coisas, muitas vezes, são as que farão falta mais
tarde pois essa criança quando teve a oportunidade de interagir para aprender
ela não interagiu. É aquele velho cliche: Educação vem de berço.” Acrescenta.
Janette Görtz, 57 anos, também esteve presente e acredita que
a mobilização pode sim trazer bons resultados, mas com algumas condições. “Se
voccê estiver acompanhando os noticiários, verá que ja surtiu efeitos, e
grandes, em varias capitais, inclusive o RJ e SP. Agora quanto aqui, acredito
que vá ficar um pouco mais complicado por causa de ser intermunicipal, cuja
concessão é do Estado, e não Municipal. Cabe ao Governador conceder o mesmo
desconto que foi feito no Rio para trens, metrô e barcas.” Explica a estudante
de Serviço Social.
Por Marjorie Mendonça :: 5º período de Jornalismo - UVA Cabo Frio