A cultura brasileira criada pelos negros escravos
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Circuito de Cultura Ecológica /(Arquivo:Foto Arraial 1) |
O Brasil é conhecido como
um país de várias culturas devido à influência indígena, nativa da terra, e dos
demais povos que fizeram parte do processo de colonização. Um dos que mais
contribuiu foi africano. Quando os negros da África foram trazidos como
escravos, suas tradições os acompanharam. Aprisionados
nas senzalas, torturados e forçados a trabalhar sem remuneração, eles ainda
tiveram boa parte da sua cultura discriminada e proibida pelos portugueses.
Como uma forma de resgate cultural e homenagem à Zumbi dos Palmares – o maior
personagem da luta dos negros contra a escravatura – o dia 20 de novembro,
aniversário da sua morte, foi decretado o Dia da Consciência Negra no Brasil.
Embora a discriminação da
sociedade da época tenha repreendido e marginalizado boa parte dessas manifestações,
os negros encontraram formas para camuflar suas práticas com as dos portugueses
e então não serem punidos. Essa camuflagem acabou criando uma nova cultura
adaptada a realidade brasileira. Seus traços são vistos até hoje e alguns
viraram “vitrine” do Brasil para o exterior. Os ritmos com tambores, a
culinária temperada, o candomblé, alguns artefatos decorativos e até mesmo
palavras do português brasileiro são alguns exemplos disso.
Na música, o samba é uma
das primeiras expressões afro-brasileiras a deixar de ser vista como
marginalidade, e hoje é a marca do Brasil no mundo a fora. Outros ritmos também
criados pelos escravos e marcados pelas batidas dos tambores são o maracatu, o
jongo, a lambada, o maxixe e o maculelê. Instrumentos como o atabaque, o
berimbau e o agogô também foram adaptados aqui no país, a maioria é difundido
através da capoeira, também praticada pelos negros.
Entrando na questão
religiosa, a influência é evidente. A religião trazida pelos negros era politeísta,
na qual cada orixá é um deus que corresponde a pontos de força da natureza e
tem características que se assemelham aos seres humanos. Como os negros que
chegavam em terras brasileiras eram obrigados a se catequizar e aceitar o
catolicismo, religião imposta pelos portugueses, eles foram proibidos de
cultuar seus orixás. Como alternativa para não largar os costumes, eles
associaram cada orixá a um santo católico, assim conseguiam camuflar sua fé e
não serem punidos. Hoje existem mais de 15 religiões afrodescendentes
praticadas no país. As mais conhecidas são o Candomblé, a Macumba, o
Sincretismo, a Umbanda e a Confraria.
Já na arte culinária,
devemos nossos ricos e atraentes pratos brasileiros à influência afro. O negro
introduziu o leite de coco-da-baía, o azeite de dendê, o feijão preto, o
quiabo, as sementes e entre outros elementos nas nossas receitas. Além disso,
nos ensinou a fazer vatapá, acarajé, angu e pamonha, típicas da Bahia. A forma de cozinhar, explorando os temperos
naturais, modificou diversos pratos portugueses e criou especiarias tipicamente
Brasileiras e apreciadas pelo mundo todo. A influência se dá também no modo de
preparo, principalmente nos utensílios. Como não podiam comprar nada, as
escravas usavam panelas feitas de barro e colheres de pau produzidas
artesanalmente. O que antes era necessário, hoje é visto como um “algo mais”
nas cozinhas pelo mundo a fora.
Por fim. expressões
faladas naturalmente no país e que foram trazidas pelos africanos também fazem
parte dessa mistura cultural. Carimbo, cochilo, minhoca, sambar, xingar, canga
e forró são exemplos de palavras utilizadas com o significado original. Outras como
molecagem, caçulinha, dengoso e bagunceiro são conhecidas como “híbridas”, pois
surgiram com a mistura do português com os idiomas falados pelos escravos.
Essas palavras de origem africana enriquecem nosso vocabulário são
principalmente de origem do quimbundo, que pertence ao grupo banto. Este
engloba inúmeras línguas e inclui cerca de três mil dialetos, falados por povos
espalhados ao longo de da África. No contexto da escravidão negra no Brasil, o
quimbundo era a língua mais falada.
Por Marjorie Mendonça ::
4º período de Jornalismo – UVA Cabo Frio
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