quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Da impopularidade à ícones da moda



A popularidade “nerd” e o que eles pensam sobre isso

"Encontro nerd" em Arraial do Cabo (maio de 2012)
É da natureza do ser humano se aproximar de pessoas das quais se identificam, criando assim grupos de interesses em comum. Entre os jovens essas divisões são ainda mais notórias, e assim os grupos são facilmente percebidos a partir de seus estilos ainda na escola. Por falar em escola, é lá que a primeira divisão ocorre, quem não se lembra dos “nerds” e dos “valentões”?

“Nerd” era a expressão pejorativa usada até pouco tempo para definir pessoas com interesses intelectuais considerados inadequados para sua idade e distanciamento de atividades mais populares, o que acabava por excluí-los socialmente. Enquanto os chamados “valentões” eram os garotos populares, geralmente bem vestidos, admirados, em alguns casos exímios atletas, cercados de amigos e que gostavam de caçoar de quem consideravam diferentes. 
Se há algum tempo atrás “nerd” era considerado sinônimo de caretice, falta de moda e impopularidade, hoje os tempos mudaram e muitas pessoas passaram a considerá-los tendência de estilo.

Muitos fatores contribuíram para que os holofotes da mídia se virassem para esse grupo antes excluído. Filmes de super-heróis, crescimento da internet e das mídias digitais e até mesmo a ascensão bem sucedida de ícones com Bill Gates, Steve Jobs e Mark Zuckerberg, o fundador do Facebook, a rede social mais pop dos últimos anos.  Aliás graças a esses ícones, considerados por muitos como gênios, que os antes excluídos passaram a ser sinônimo de sucesso. Como já diziam Os Seminovos (banda mineira com letras de músicas divertidas, muitas com a temática voltada para o universo nerd): “O nerd de hoje é o cara rico de amanhã”.

   Marvyn Mesquita, estudante de 20 anos e fundador de um grupo que reúne nerds, acrescenta: “Com o tempo os videogames, histórias em quadrinho, mangás e animes - parte da cultura jovem japonesa, referente a quadrinhos e desenhos animados - entre outros elementos foram tomando seu lugar na cultura pop. Com isso, porém surgiu uma certa "modinha" em que a pessoa diz ser nerd mas na verdade não é. Parte dessa modinha se deve a série norte-americana The Big Bang Theory e ao crescimento das indústrias de desenhos e filmes de super heróis, que sempre foram febre entre os nerds.” 

   De rejeitados a ícones de uma nova moda, os nerds passam pelos prós e contras de tanta visibilidade. Se agora ganharam mais respeito e admiração, ganharam também pessoas que os imitam para se encaixarem nesse padrão de popularidade. A toda hora nos deparamos com pessoas que imitam o comportamento nerd em troca de uma aceitação desse grupo. Jorge Ribeiro, um jovem de 25 anos, afirma: “A principio não curtia certos filmes, livros e tudo mais, mas como todos os meus amigos estavam nessa onda nerd, meio PC Siqueira e Marcos Castro – Jovens que ganharam fama através de vídeos postados no canal YouTube – acabei me vestindo e agindo de tal forma para não ser excluído. Com o tempo, é claro acabei me interessando por esse universo e independente da moda hoje é meu estilo de vida.”

   Gabriel Santos, analista de sistemas de 35 anos, se diverte com essa inversão de papéis: “Acho engraçada essa moda, as pessoas querendo ser nerd, se vestindo, falando, vendo e até fazendo as mesmas coisas que eu sempre fiz. Lembro que passei boa parte da minha infância e adolescência excluído, sem muitos amigos, sendo zoado na escola, riam de mim o tempo todo. A primeira namorada que tive foi aos 17 anos e mesmo assim escondia algumas das minhas “nerdices” dela com medo dela terminar comigo. E hoje é isso aí, você encontra nerds namorando, na praia, bebendo no bar, cercado por amigos, em contrapartida vê aqueles caras enormes da academia jogando RPG e videogame, é uma troca muito louca, nós como os populares e alguns deles se inspirando na gente. (Risos)”

   Se antes era vergonha, agora é motivo de orgulho, o universo nerd está fazendo sucesso e inspirando muita gente. Os óculos, a blusa xadrez, o sapato estilo Oxford, as saias compridas, as camisas com estampas relacionadas a jogos ou internet. As referências a esse estilo são várias e estão por aí nas ruas, internet e passarelas mostrando que atitude é o que não falta.

Por Luíza Gallagher Therezo :: 4º período de Jornalismo – UVA Cabo Frio

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