A popularidade “nerd”
e o que eles pensam sobre isso
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"Encontro nerd" em Arraial do Cabo (maio de 2012) |
É da natureza
do ser humano se aproximar de pessoas das quais se identificam, criando assim
grupos de interesses em comum. Entre os jovens essas divisões são ainda mais
notórias, e assim os grupos são facilmente percebidos a partir de seus estilos
ainda na escola. Por falar em escola, é lá que a primeira divisão ocorre, quem
não se lembra dos “nerds” e dos “valentões”?
“Nerd” era a
expressão pejorativa usada até pouco tempo para definir pessoas com interesses
intelectuais considerados inadequados para sua idade e distanciamento de
atividades mais populares, o que acabava por excluí-los socialmente. Enquanto
os chamados “valentões” eram os garotos populares, geralmente bem vestidos,
admirados, em alguns casos exímios atletas, cercados de amigos e que gostavam de
caçoar de quem consideravam diferentes.
Se há algum
tempo atrás “nerd” era considerado sinônimo de caretice, falta de moda e
impopularidade, hoje os tempos mudaram e muitas pessoas passaram a
considerá-los tendência de estilo.
Muitos fatores
contribuíram para que os holofotes da mídia se virassem para esse grupo antes
excluído. Filmes de super-heróis, crescimento da
internet e das mídias digitais e até mesmo a ascensão bem sucedida de ícones
com Bill Gates, Steve Jobs e Mark Zuckerberg, o fundador do Facebook, a rede social mais pop
dos últimos anos. Aliás graças a esses
ícones, considerados por muitos como gênios, que os antes excluídos passaram a
ser sinônimo de sucesso. Como já diziam Os Seminovos (banda mineira com letras
de músicas divertidas, muitas com a temática voltada para o universo nerd): “O
nerd de hoje é o cara rico de
amanhã”.
Marvyn Mesquita, estudante de 20 anos e fundador de um grupo que reúne
nerds, acrescenta: “Com o tempo os videogames,
histórias em quadrinho, mangás e animes - parte da cultura jovem japonesa,
referente a quadrinhos e desenhos animados - entre outros elementos foram
tomando seu lugar na cultura pop. Com isso, porém surgiu uma certa
"modinha" em que a pessoa diz ser nerd mas na verdade não é. Parte
dessa modinha se deve a série norte-americana The Big Bang Theory e ao crescimento das indústrias de desenhos e
filmes de super heróis, que sempre foram febre entre os nerds.”
De rejeitados a ícones de uma nova moda, os
nerds passam pelos prós e contras de tanta visibilidade. Se agora ganharam mais
respeito e admiração, ganharam também pessoas que os imitam para se encaixarem
nesse padrão de popularidade. A toda hora nos deparamos com pessoas que imitam
o comportamento nerd em troca de uma aceitação desse grupo. Jorge Ribeiro, um
jovem de 25 anos, afirma: “A principio não curtia certos filmes, livros e tudo
mais, mas como todos os meus amigos estavam nessa onda nerd, meio PC Siqueira e
Marcos Castro – Jovens que ganharam fama através de vídeos postados no canal YouTube – acabei me vestindo e agindo de
tal forma para não ser excluído. Com o tempo, é claro acabei me interessando
por esse universo e independente da moda hoje é meu estilo de vida.”
Gabriel Santos, analista de sistemas de 35
anos, se diverte com essa inversão de papéis: “Acho engraçada essa moda, as
pessoas querendo ser nerd, se vestindo, falando, vendo e até fazendo as mesmas
coisas que eu sempre fiz. Lembro que passei boa parte da minha infância e
adolescência excluído, sem muitos amigos, sendo zoado na escola, riam de mim o
tempo todo. A primeira namorada que tive foi aos 17 anos e mesmo assim escondia
algumas das minhas “nerdices” dela com medo dela terminar comigo. E hoje é isso
aí, você encontra nerds namorando, na praia, bebendo no bar, cercado por
amigos, em contrapartida vê aqueles caras enormes da academia jogando RPG e
videogame, é uma troca muito louca, nós como os populares e alguns deles se
inspirando na gente. (Risos)”
Se antes era vergonha, agora é motivo de
orgulho, o universo nerd está fazendo sucesso e inspirando muita gente. Os
óculos, a blusa xadrez, o sapato estilo Oxford,
as saias compridas, as camisas com estampas relacionadas a jogos ou
internet. As referências a esse estilo são várias e estão por aí nas ruas,
internet e passarelas mostrando que atitude é o que não falta.
Por Luíza Gallagher Therezo :: 4º período de Jornalismo –
UVA Cabo Frio
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