Três a cada dez brasileiros sofrem de doenças relacionadas ao estresse
![]() |
O estresse é o grande vilão da modernidade, principalmente no ambiente de trabalho (Foto- Thinkstockphotos) |
Dormir
tarde, acordar cedo, trânsito congestionado, trabalho puxado, barulho, trânsito
de novo, chegar em casa e mais trabalho a ser feito, essa é a rotina de grande
parte da população brasileira e também um grande risco à saúde. De acordo com
um levantamento realizado pela International
Stress Managemente Association (Associação Internacional do Controle do
Estresse) o Brasil é o segundo país com o maior nível de estresse do mundo. De
cada dez trabalhadores, três pelo menos sofrem da chamada síndrome de Burn Out, esgotamento mental intenso
causado por pressões no ambiente profissional.
O
estresse é responsável por inúmeros problemas de saúde e vem sendo
apontado como o grande vilão dos tempos modernos. Além de provocar aceleração
dos batimentos cardíacos, aumento de peso, falta de concentração e
irritabilidade, pode também potencializar ou até mesmo causar problemas mais
sérios como úlcera, infarto, aumento da taxa glicêmica, entre outros. Muitas doenças psicossomáticas vêm de fatores
relacionados ao estresse.
O
aumento repentino da taxa glicêmica foi o que chamou a atenção da professora
Marinela Therezo, 52 anos, para o problema de estresse que enfrentava. “Um dia chegando no trabalho desmaiei e me levaram para
o médico. Fiz vários exames e foi constatado que eu estava com labirintite e
quase diabética, logo eu que nem gosto de doce e que sempre mantive uma
alimentação regular, ‘como assim?’ Foi então constatado que era devido ao
estresse do trabalho”, explica ela.
Professora Marinela Therezo (Foto: Luíza Gallagher) |
De acordo com o levantamento realizado pela Associação
Internacional do Controle do Estresse, o
esgotamento físico e mental é mais comum em profissionais que lidam diretamente
com o público, como médicos, professores e enfermeiros. E a pressão no trabalho
é a grande causadora desse mal. Pressão que Marinela afirma ter sentido: “Na época em que fiquei doente eu tinha duas turmas de
educação infantil e trabalhava na coordenação, resumindo era muito trabalho e
pouco tempo e eu sempre fui muito perfeccionista, exigia muito de mim.”
Não só as cobranças internas e externas, mas também o medo de
perder o emprego faz com que as pessoas acabem cobrando mais de si. De acordo
com a psicóloga Daniela Magalhães, há quinze anos no ramo, associação de um
chefe autoritário com o medo de perder o emprego e a ambição de crescer tornam
a situação estressante.”
Muitos
associam o estresse aos grandes centros urbanos, porém, cidades pequenas com
sol, praias e belas paisagens como as da Região dos Lagos também apresentam um
número alto de casos. “A nossa sociedade
capitalista gera uma competitividade muito grande. O estresse é um indicador de
que o ser humano não está conseguindo equilibrar todas as questões das quais
ele deve dar conta e isso ocorre em grandes metrópoles ou mesmo na
Região dos Lagos.”, diz Daniela. Mesmo com todos os atrativos para ser um local
de relaxamento as situações que causam o estresse também existem nesse paraíso.
O
ideal é ficar atento nos sintomas como, por exemplo, a falta de atenção, o
esquecimento, a irritação excessiva. “A pessoa
estressada começa a não dar conta dos seus compromissos e só repara quando o
outro sinaliza ou quando acaba havendo perdas por conta desse esquecimento e
desatenção”, explica a psicóloga.
Daniela aponta que em primeiro lugar é importante questionar
se o trabalho está satisfazendo as necessidades, te deixando feliz, pois quando
você faz o que gosta, faz com prazer. É essencial também tentar manter um bom
relacionamento com colegas de trabalho e com o chefe, apesar da competitividade,
o ambiente deve permanecer em harmonia e uma boa forma de fazer isso é conviver
fora do espaço de trabalho com esses colegas. Assim, o clima ficará mais
descontraído entre todos da empresa.
Outra questão apontada pela psicóloga é as instituições oferecerem
aos seus funcionários um momento de folga dentro do horário de trabalho. Ela
afirma: “Cinco minutinhos de folga, seja para uma ginástica laboral, ou seja,
pra tomar um café é bom para descontrair, refletir e se distrair um pouco. Já
foi comprovado que essa prática é benéfica e que quando o trabalhador volta,
ele vem mais motivado, mais calmo e mais focado no trabalho.”
Por fim, ter algum tipo de hobby ajuda a prevenir o estresse
de acordo com ela. “As pessoas precisam ter um momento de lazer, criar algum
momento durante a semana para realizar algo que a relaxe. Seja um passatempo,
um passeio, um esporte ou qualquer coisa que a distraia da rotina. O principal
remédio contra o estresse é o prazer.” Completa a psicóloga.
Por Luíza
Gallagher :: 5º período de Jornalismo – UVA Cabo Frio